Conquista circense
Entre rugidos e lonas suspensas, lá estava o circo montado. Arrastado pelos ventos contrários aos teus fugazes desejos Persegui-te em saltos mortais nas alturas dos trapézios Contorci-me a caber-me inteiro em teu irrevelável interior
Pouca luz, rufar dos tambores, avisam silêncio e suspense Lâmina afiada separou-te em metades que se refizeram em meu inteiro
Equilibrei-me com vendas e guarda sol em cordas bambas e monociclos Palhacei-me para os sorrisos ingênuos e puros na criança de todos nós. Expelido entre fumaça saí em tua direção como homem bala sem sabor Caindo sempre em redes tecidas por pescadores de sereias e sonhos
Corri ainda no picadeiro de tantas agonias e pesadelos. Onde me equilibrei em cavalgadas aladas entre estrelas e satélites.
Em veloz e ruidoso show, repeti sempre o mesmo trajeto Onde a vida só existe como espetáculo, no mesmo globo da morte. Conquistei-te pela mágica do desfilar dos finos lenços multicores Que lançados aos céus, se transformaram em suave e alva paz.
Na apertada malha de tantos brilhos esperou-me o cume da pirâmide Onde pousei sob o olhar da tua bela e misteriosa esfinge.
Fiz bailar com doçura os elefantes do teu amargo passado E como último e anunciado impossível de todo o espetáculo Enfrentei a fera indomável da tua beleza selvagem Com o requinte que me fez domar-te com carícias e sussurros.
Jaak Bosmans