Feminicídio
Maria também se foi Levando no coração Muitos sonhos inacabados Tinha na alma o desejo de liberdade
Sua história de amor acabou Como a ilusão dos contos de fada Era frágil e não se sustentou Por sorte ela tinha voz própria
Conversou, disse adeus e se foi Ser pássaro em outras moradas Com fé e esperança seguiu seu caminho Recomeçar sempre, agora com maturidade
Entre tantas escolhas prometeu se amar Na intensidade que seu ser merecia Assumiu o compromisso de ser feliz Sem traições, ilusões ou vaidades
Na inocência sequer imaginou Que no caminho havia emboscada Prenunciando o fim do início da sua jornada Sem direito a defesa, foi brutalmente assassinada
Numa fúria patriarcalista de insanidade Ele desferiu dezenas de facadas Seu corpo tombou sobre o chão ensanguentado Estampado no jornal que ele tomou rumo ignorado
A noite chegou fúnebre e agoniada Com chuva de lágrimas pela fatalidade Era mais uma vítima do feminicídio Que Nanã receba em amor o seu corpo destroçado
Do livro: Extasiada de Infinitos