Incredibilidades do Universo Paralelo
A situação é a seguinte, por hora estava a escutar que sou incrível.
– Ah! Você é incrível! ? E estamos lá a caminhar de mãos dadas, falando de qualquer futilidade, que nos torne iguais e completos. Daí, caminhando com água e areia por entre os dedos, aquela Lua que estala no céu, aquele som de violão vindo da seresta que está lá longe e quando os olhares se cruzam?
Na real?! Eu estava sentada na cama dele, ele sentado ao meu lado jogando vídeo game e dizendo como era incrível ter uma amiga que gostasse de simplesmente ouvir musica e rascunhar poemas enquanto ele brincava ali.
– É incrível ter uma amiga como você ? mastiga a pipoca com a boca aberta -, posso contar meus medos, vejo a sinceridade em seu olhar e você me faz companhia. Nunca tive alguém como você. ? e abandona o controle para me fitar – Te amaria pela eternidade se não fosse a Marcinha, ah? a Marcinha ? aquela pausa dramática – é a mulher da minha vida, não posso ficar com você, ela tem tão bom coração, não merece isso. ? e nesse momento estávamos diante um do outro com os lábios cintilantes e entreabertos.
Era só um amigo. Era só o quarto dele. Era só um clima. Já passou.
?
Mas isso que eu acho engraçado sabe, sempre tem uma Marcinha e nada nunca pode rolar por causa dela. Acho linda a fidelidade e o comprometimento. Mas espera ai! Se eu era a incrível e ela é a mulher da vida e ela sempre é mais incrível que eu, não entendo em que eles querem chegar quando me convidam para estar ao lado em todos os momentos, mas amizade é o empecilho para ?existirmos??
Funciona mais ou menos como se eu fosse o planeta, e a Marcinha a lua. É, o planeta não gira sem Lua, não há vida sem Lua, não há luz sem Lua, não há? sem Lua. Sou só planeta, mas o planeta é necessário.
Quero saber afinal, quando serei Lua. Quando serão areia e mar e eu Lua. Quando serão versos e eu serei musica. Ser incrível é cansativo demais.
?
– Ah Tico, eu amo você! Você sabe, isso aqui é coisa de hormônio, vamos nos comportar. Aliás, chame a Marcinha para vir! ? convido sinceramente. Mas claro, tenho meu misto de dor de cotovelo. ? Iria adorar conversar com ela?
– Melhor não! Não quero ela aqui agora, o momento é nosso! ? sorri e ?despausa? o jogo. Volto para minha leitura.