Talvez nunca saibamos reconhecer no calor do bronze o gesto que as fez crescer entre oliveiras e puros vinhedos na sombra do vale onde elas ainda dizem o pulsar da água e a necessidade do movimento a luz amedrontada de um entardecer
admiro aqui pequeninas coisas em companhia dessas mulheres coisas sensíveis como as migalhas de pão na mesa azul como os rostos amados da serenidade do cair do dia os que na certa vêm sem que os vejamos chegar
fiz-me árvore e sinceridade do alento para os tocar de leve vi-me estendido próximo da carícia da mão para me lembrar acabada a obra da rocha que as havia de guardar e que seria de certo a única imagem enganadora da pele delas
olharei a ternura do horizonte com a queimadura dos seus olhos
joan-ives casanòva