CANÇÃO DO NADA
Quando cantas é como se um arrulho de pássaros Me levassem a dormir, e tuas mãos enluvadas Me protegiam, aquecendo-me do frio de ti Oh, como era bom o tempo de deitar-te no colo! E hoje minha alma deixa-se abandonada, ao solo!
Puderas, que todo arrulhos fosse o farfalhar de seus pés, Como folhas caindo, tecendo um caminho até mim, E caminhasses, vindo, me oferecesse o regaço. E eu continuasse dormindo, como se sonhasse À sombra da primavera, lá na nossa casa, no jardim Com as palmas das mãos acariciando-me o rosto!
Eu sei nada é vida. A vida é que se pergunta, o que sou eu? A vida, para uns é o amanhecer, a outros o tecer do breu.