DUAS FACES DA POESIA
Ontem vi a poesia. E era vestida de chita fina, enfeitada com colares. Ia por caminhos de flores, onde se viam os amores encantados, jovens enamorados, vestidos, alguns de linhos…
E tinha risos no rosto a poesia. De mãos dadas por entre os pátios, entre os parques da cidade, até nas pontes se viam! E era a poesia tão jovem, pele de pêssego rosado, cheirando a jasmineiro em flor… Seu nome era amor.
Hoje pelo mesmo caminho, ia novamente a poesia, tão linda, mas desencantada! Seu rosto triste e com lágrimas, faltavam-lhe flores nas mãos e também pelos caminhos.
Usava um vestido surrado, não era mais um brocado, nem lhe compunham babados! Colares? Quebraram todos. Até as pérolas morreram ao virem a poesia tão triste! Faces já enrugadas… O corpo meio curvado! E ia a poesia de hoje, que era a poesia de ontem. Não mais na mesma euforia.
Ser jovem! Oh, quem lhe dera! Naquele viver tão triste, acabara a primavera!