VEM!
Toca minha alma com os teus lábios … e com os dedos perfura-me a epiderme, e ultrapassa, fantasmagoricamente, a derme! Se não podes tocá-la nem com os olhos… Posso sentir os espinheiros, esses abrolhos. Sou a felina dos outeiros, que dança na selva e nos picadeiros, onde tudo se faz verdade. Até a ilusão da eterna felicidade.
Vem! Toma meu corpo junto ao seu… Olha na janela já se faz breu! Por entre os montes os pingos regam a relva que nosso corpo um dia acolheu. Vem! Que o tempo passa… E se passa, não há como esticar o braço para, com sofreguidão, segurar, em desespero, o meu abraço.
Vem alma minha, pois minha alma perde-se a calma, enquanto aninha-se em outros ninhos… Lembro-me o doce perfume, em agonia das longas noites sem seus carinhos. -Vem, toma meu corpo junto ao seu!