João Batista do Lago

Autocídio

morro-me a cada instante da desesperada dor da fome morro-me em cada semblante que se consome no desesperado desabrigo morro-me nos olhos da criança abandonada morro-me na juventude drogada morro-me no pai sem trabalho morro-me no filho sem atalho morro-me na mãe que se morre na família morro-me na falta da floresta morro-me quando se morre o lago, o riacho, o rio e o mar morro-me, enfim, quando Pandora morre-se (…e de tanto me morrer a cada instante morro-me na palavra que se morre!)

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