ABORTAMENTO
De João Batista do Lago
Quando eu morri, um deus qualquer me pariu! Na casa onde parido fui havia duas dimensões: primeira delas o ventre-rio solitário e escuro;
na segunda parição tive por casa o mundo, e sem me cortarem o cordão umbilical vadiei pelos aposentos ? já ali sujeito obscuro!
Na primeira casa naveguei todos os sonhos. Na segunda casa fui jogado para ?Outros? monstros: qual casa, então, devera seguir!?
Hoje percebo a casa que me é original: hei-me aqui parido como filho primogênito, expurgado para sempre para a mundidade do mundo.
Nenhuma outra casa existira; fora tudo ilusão Sou-me de mim a única casa repleta de eus Todos os meus aposentos revelam-se: meu Corpo