COMO MORREM OS JUÍZES
Dos magistrados que já conheci, uns poucos morreram de velhice. A maioria padeceu das agruras do cargo, fonte das mais variadas enfermidades. Uma morte sempre triste, muitas vezes lenta e geralmente solitária.
Todavia, nos últimos tempos, lendo os noticiosos de nosso Estado, Ocorreu-me que os magistrados morrem também de outra forma. Uma morte que não é solitária, mas sim pública, Uma morte que não é lenta, mas instantânea.
É a morte do escárnio. A morte do desrespeito. A morte do julgamento açodado. A morte que desmoraliza aqueles que dedicam sua vida a proteger a sociedade.
É fácil matar um juiz. Tire dele sua credibilidade, Massacre sua honradez, Vitime seu amor pela judicatura.
Depois do golpe, o que restará não será um magistrado. Será apenas um servidor público. Um burocrata desprovido de amor, Sem forças para transformar o mundo a sua volta.
Talvez seja isso que desejam para nós, A extinção de uma espécie já ameaçada. Talvez seja este o nosso destino, Sermos peças de exibição no museu da história.
E muitos dirão: resistir é inútil! Será? Devemos? O que faremos?
O pior é que, muitas vezes, Eu não sei como responder a estas perguntas.