Eu sou os lugares que fui as pessoas que vi sou as canções que escutei as dores que senti. Eu sou os passos que dei nos caminhos rudes que percorri eu sou de longe o melhor dos outros um pouco de cada um eu sou o brilho nos olhos da noite e a cegueira que hora menos hora nos orienta eu sou o que de bom há nos outros e o que deles pelas estradas da vida recolhi. Mas não tenha grandes pretensões a meu respeito! Tenho em mim o pior das ruas: – o grito mais ensurdecedor – a tristeza mais aguda – o vazio mais estridente… Tenho em mim todas as dores da alma e as vezes fico tão insuportável, que me torno instável, perigoso! As vezes saio sem rumo, saio do prumo, desqualifico-me como pessoa, beiro a irracionalidade. As vezes me sinto perdido, perco o sentido, decolo em pista curta e pouso no raso do céu. As vezes… Na maioria das vezes, eu sigo sozinho, tentando encontrar o caminho de casa. Mas sem asas, voo pra qualquer direção. Tem dias que eu encontro o caminho, e há aqueles dias em que perco totalmente a noção.