Última parada – Estação Brumadinho –
A serra ruída e os destroços deixados pelo caos… O cobertor de lama arregalado sobre todos e a montanha descendo voraz morro abaixo, lá embaixo os gritos emudecidos dos sujeitos silenciados dentro da tumba de rejeitos do concreto duro e frio que pelo caminho foi se perfazendo o barro.
A dor de quem viu tudo ruir, o terror de quem estava lá pela segunda vez chorando o Rio doce, o Paraopeba, possivelmente até o São Francisco. Os animais soterrados, sufocando sob toneladas de lama e a cama dura, agora leito das vítimas dessa realidade cruel. Personagens de histórias brutalmente interrompidas.
A crueldade da trama de quem despejou a sua lama no quintal do vizinho: – Nos inúmeros terreiros e quintais inundados e que deixaram de existir. – Nas hortas, lavouras e roças inteiras que não serão mais cultivadas. E no leito sujo dos rios, os passos encravados no barro, das pessoas enrijecidas na fuga, congeladas de tanto pavor.
Rompeu-se em Mariana a Barragem do Fundão. Em Brumadinho arrepiaram-se todos ao ver se esvair a sua maior promessa de riqueza, no Complexo do Feijão, a sua maior empresa transbordou-se num mar de lama e em inundação jamais vista pelo volume e devastação, acabou com o conto de fadas da inocência da extração mineral sustentável.