“Tempo e Pessoas”
Andei pensando sobre ?tempo? e ?pessoas?. Duas coisas inevitavelmente passageiras, e cada qual acrescenta e tira um pouco da gente. Queria entender o porquê. Tempo não é palpável, é quase imperceptível, embora passe rápido. Ele leva seus anos, sua vitalidade, às vezes sua esperança. Traz indesejáveis rugas, mas também maturidade, experiência. Traz e leva amigos, amores, familiares: pessoas. Pessoas a gente toca, sente, ama ou odeia, odeia e ama ao mesmo tempo. Há pessoas que chegam e acrescentam o que a gente não precisa, uma felicidade exagerada até. Mas quando se vão levam tudo o que a gente tem, e nada nos resta, nem nós a nós mesmos. Talvez deixem uma tristezinha, embrulhando um vazio lá no fundo. Depois de muito tempo, é provável que uma única pessoa possa preencher o vazio deixado pelas outras. Provável. Tempo e Pessoas. Embora o segundo item seja ?palpável?, ambos são impossíveis de segurar: o tempo é vento, pessoas são grãos de areia. Há muito em comum entre eles, bem como o vento leva a areia para longe, as pessoas se afastam com o tempo, são levadas por ele para caminhos distintos. Já tentou apertar um pouco de areia com as mãos? Pouco a pouco os grãos resvalam-se entre os dedos. E quanto a nós? Também voamos para outras praias, mas nunca esquecemos de onde viemos e dos grãos de areia que já estiveram junto a nós, em outros caminhos. E como você sabe, as dunas sempre mudam com o vento. Sim, acredito que seja mais ou menos essa a lógica, se houver uma. Daqui pra frente utilizarei essas metáforas, principalmente quando precisar entender que pessoas seguem outros rumos e que o tempo, o tempo é inexorável.