Katiana Santiago: ADIAR Adiar alegrias é como guardar…

ADIAR

Adiar alegrias é como guardar para mais tarde toda poesia que o coração ousou sonhar. Adiar alegrias é juntar cada grão de qualquer triste realidade e permitir que virem miragens para nos assombrar. Adiar alegrias é deixar de observar a anunciação que faz o dia, um espetáculo bom ou ruim, mas que ainda nos deixa vivos aqui. Adiar alegrias é negar-se por inteiro e deixar os remendos da rotina dominar, é pautar-se pelos medos, e estranhar-se no espelho de si mesmo, buscando uma fuga que inclina a alma para qualquer lugar. Adiar alegrias é retornar para qualquer dia, repetindo a triste sina sem alternação. Adiar alegrias é não viver para colher o dia, é deixar de se encantar e se entregar a monotonia do tempo que nos rouba nossa juventude audaz. Adiar alegrias é perder o momento, é sepultar a semente ao vento e depois querer colher no ar. E no adiamento dos risos, só restará lembranças vazias e uma ?embarcação naufragada? que a duras custas ficou abandonada, esquecida, suspira e ainda é inspirada e reflete sobre as cargas sustentadas, trazidas e levadas pelo porto do coração que se perderam, mas apenas no?alto mar? da distração.

Katiana Santiago

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