Leandro M. Cortes: Amores invisíveis Sempre me doei um…

Amores invisíveis

Sempre me doei um pouco mais. Sempre precisei um pouco mais de nós do que você. Sempre priorizei o amor, a relação, o imutável entre amores. Sempre fui o lado frágil, aquela menina mulher cheia de sonhos. E quem não sonha? Quem não vive suas fantasias? Sempre fui coadjuvante nessa história sentimental. Sempre tive meus medos e quase sempre fui engolida por meus monstros. Quase sempre estive em suas mãos. Quase! Mas, você fez tudo para matar o amor, nosso amor. Sempre conjugou o eu e não o nós. E esse nó foi lenta e vagarosamente arrebentando. Você sempre Foi mais espectador, ator. Enquanto eu me afundava, você vivia na superfície, longe de ondas e tempestades. Longe de nós. Longe de mim. Corpos unidos, mas olhares distantes. Vivíamos essa morbidez, entre a monotonia morna e fria que ecoava do fundo. O convívio se quebrou, criou-se o distanciamento entre nossas línguas, idiomas difusos, entre almas ausentes. Caminhávamos, mas separados entre mundos, entre pontes, separados pelo abismo da solidão do amor a dois. Não há continuidade para o que nunca existiu. Há apenas o enterro simbólico. A marcha fúnebre. O que manda o protocolo. Não há culpados pelo descaso. Pelo abandono. Pela orfandade dos carinhos, afetos e emoções. Apenas o mastigar de algumas agridoces recordações.

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