A memória às vezes nos prega uma peça. Pode ser uma peça: tipo um quadro de autorretrato Que nos lembra de alguém que já foi, viveu, mas vive ainda em algum canto do coração seu e meu. Pode ser uma peça: tipo um quadro de letreiro bordado. Um verso, versículo, ditado. Empoeirado numa sala vazia, o quadro quando lido, Traz até sons, vozes, cheiro de um passado, que já se conjugou. Por fim pode ser uma peça: tipo Só a peça. Metálica de prego. Porque afinal prego se prega com o apregoar de um martelo, de uma mão, de um braço, de uma mente de alguém. Que precisa seguir, viver, virar a pagina, escrever. E infelizmente esquecer que era para ter colocado naquele prego, a medalha de honra daquele que já se foi.