De oitenta e um à noventa e um Foram dez anos que não houve jejum As mentes trabalhavam, reportavam o que importava Se inspiravam no que observavam, educavam quando repavam
As cabeças abanavam ao «boom-bap» que tocava Os ouvintes imitavam o artista que apresentava Na rua, no palco, onde quer que se encontrava Ao sol, a lua, o MC improvisava
Sem receio ou censura, a alma se libertava Nascia assim a cultura que a negritude representava Quatro pilares na estrutura, era tudo que suportava O B-Boy que dançava, o DJ que tocava
O Grafiteiro que pichava e o MC que apresentava Época de ouro passou, o Hip Hop se desintegrou Individualismo se alastrou e a cultura declinou Fedelhos invadiram, a internet ajudou Entre eles competiam, pela imagem, pelo flow Os puros assistiam no que tudo se tornou Alguns desistiam outros tantos se vendiam Ramificações surgiam mas o underground não abalou
Equipados de dom, consciência e competência Guardiões do nosso som, resistiam as tendências Criticavam os que não entendiam, elogiavam os que sentiam As raízes que fortaleciam e impediram a decadência.