LJ Nhantumbo: Não tenciono por nada ser a próxima…

Não tenciono por nada ser a próxima celebridade Ergo a caneta gastada, com mês de idade Traço a letra alinhada aos sucessivos versos Mente entusiasmada, explorando universos

Pouco serei reconhecido por este acto solitário Escrever feliz e aborrecido como se construísse um diário Muitos me têm esquecido, poucos me percebem Não me dou por vencido nem convencido que não me recebem

Não sei ainda ao certo qual é o fim disto Embora conciso decerto, escrevo e insisto O amanhã é incerto, aldraba-se quem o tem previsto O agora é que existe, aproveito e não desisto

Quero sair dos bastidores, da sombra das cortinas Encarar espectadores, espantar as rapinas Quero estar com trovadores escalando a pé colinas Não procuro aduladores nem intimidades com meninas

A solidão me basta mas a fama não nego Letra tenho tanta de transtornos que carrego Depressão me persegue com martelo e prego Mas ela não percebe que nunca me entrego

E se a morte é para todos, então não tenho medo Vou escrever e escrever até sangrar os dedos Fazer da caneta e a sebenta meus brinquedos Um dia serei ouvido, reconhecido, tarde ou cedo.

Começou na curiosidade, experimentei ao acaso Naquela ingenuidade era um papel raso A ideia era rimar, métrica não vinha ao caso O mais rápido terminar, obedecia um prazo

Em uma viagem de ida, com passagem de volta Atraído pela batida, a mão ficou mais solta Cabeça toda pronta, cegueira conheceu a morte Rasguei meu passaporte e abracei esta sorte

Sorte de aprender quando estou a ensinar Sorte de poder falar a rimar Sorte de escrever, sem nada para limitar Isto me fez conhecer meu próprio limiar

O norte é a frente, a morte é a meta Métrica diferente na voz e na letra Cai areia da ampulheta eu sentado num cometa Viajando pelo planeta, com caneta e sebenta

Mas nem sempre é assim, imaginação esgota-se Transpiração entra aí quando a mente encontra-se Em transe temporário, fora da órbita Aciono o modo solitário, pratico a mania mórbida

Sem grupo ou banda, sozinho no «Under» A mim ninguém manda, MTA, só anda Sem grupo ou banda, sozinho no «Under» E se o reconhecimento não vier? MTA, não se zanga.

Cinco anos na activa, já sou licenciado Manter a poesia viva, (cumprindo o primeiro jurado)

Depois da positiva com a obra «Verbum Pro Verbo» Cheguei a conclusiva que sou um bom servo

Entreguei-me por inteiro tal como advertido Fiel mensageiro, requisito cumprido Desde sempre verdadeiro, mais outro obedecido E tudo que me é retribuído, é um público ensurdecido

Ninguém me escuta, isso tem em aborrecido E não há desculpa que me deixa convencido Que o conteúdo que trago passa despercebido Isso não acredito, mesmo sendo introvertido

Juro meu irmão tentei parar de escrever Mas essa opção não me cabe escolher O cérebro e o coração são os comandos do meu ser Não posso dizer não, apenas proceder a obedecer

Na auto-exposição, apostei em demasia Canção em canção são, tristezas e alegria Se verso fosse um grão de arroz não emagrecia Desnutrição não preocuparia, gastrite não temeria

Só para a minha informação, o que disse é utopia Caio em depressão só de saber que a poesia Que escrevo com dedicação não passa de uma porcaria Ao desgosto do cidadão influenciado pela maioria ? Globalização.

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