Luanna Belmont: eu porém tantas vezes não estava…

eu porém tantas vezes não estava pronta banho tomado penteada asseada jantada crescida formada empregada quase morta pra quando minha mãe chegasse eu não estava pronta eu resistia a todos os meus deveres eu me insubordinava eu teimava toda uma vida (ainda teimo) eu não me limpava só pra ver se minha mãe chegaria a despeito de mim a despeito da sujeira do erro da noite a despeito da espera a que assim fingindo não esperar eu me recusava foi assim por muitos anos minha mãe e eu numa língua estranha e indecisa embora fosse a mesma língua a limpeza que eu deveria guardar para ela e oferecer a ela na volta ainda guardo comigo e de repente deparo com ela (que ainda espera) num livro numa voz estranha numa outra mulher que também esperou numa banheira vazia o seu amor voltar

Adicionar pensamento

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *