VERÃO NO CERRADO (soneto)
Lá fora o vento em agonia e rebeldia Redemoinhando o taciturno cerrado Do silêncio carrascal, fez-se agitado Sob a chuva nua, acordando o dia
Na vastidão do chão, o tempo arado Da sequidão para o sertão em urgia Molhado da tempestade em romaria Empapando o alvorecer enovelado
E neste, porém de tão boa harmonia O horizonte na ventura é amansado Enxurrando na procela a melancolia
Assim, vai-se avivando o árido cerrado Do acastanhado que ao verde, barbaria Ao rútilo encarnado do verão variegado
© Luciano Spagnol poeta do cerrado Janeiro de 2017 Cerrado goiano