Fuzilamento sumário
Daqui observo uma rua estrada, avenida, caminho; sequência infinita de máquinas, motores, motoristas, matadores, funil escoante de dores e dúvidas.
No intervalo para o comercial as futilidades, as inutilidades e o fuzil, furioso fuzil , vingativo fuzil: ?morre nego safado, vagabundo!?
E oitenta vezes vomitou o fuzil do Brasil, fuzil verde amarelo que cospe chumbo, saudoso daqueles negros anos.
?Taí, pátria amada idolatrada; sou teu filho, patriota varonil e um filho teu não foge à luta…? Não, não, não; teu filho assassina!
Mata em teu nome, pátria pútrida, paródia mal feita; torrão torto e torturante, mata sob aplausos teus!
(da prosa poética de Luiz A. Vila Flor)