Você tem uma nomenclatura muito linda, mas saiba que eu gostaria de ti mesmo que você se chamasse Ergastoplasma… Sabia que quando eu te vejo minhas mitocôndrias entram em fermentação, a meiose se acelera e meus gametasficam todos assanhados? É verdade porque você tem um fenótipo tão lindo que tenho uma tese de que o seu código genético foi seqüenciado por um artista muito inspirado, em plena geração espontânea. Quando você surge, em movimentos amebóides, belo, túrgido e charmoso, começo a sentir os efeitos de reações físico-químicas em meu organismo. Seu tropismo em relação a mim afeta o córtex do meu sistema sensorial! Ao tocar sua celulosíca mão, nossos glicocálix se encontram. E se meus olhos não se cansam de fixar seus olhos, perdidos, semelhantes a ocelos de planária, é porque minha antena está ligada em você. Sua cetácea presença mexe com minhas enzimas, hormônios, meus neurotransmissores, até minha cadeia respiratória já não funciona direito, nem mesmo para a coordenação meu trêmulo tríceps de meu frontal escorre o que restou de secreção sudorípara. Seus ferormônios realmente me tiram de hemeostase. Seus cílios e pilos me causam flagelos impensáveis. Palpitações sistólicas arrebentam meu pericárdio.