Cântico dos desesperados
Caminhais por entre o fio da navalha E de pés ensanguentados cambaleias Temendo a direção do norte Como também o caminho imaginário Que se diz ser do sul.Resumis um todo a uma escala mínima E mesmo assim vossos sonhos são tão iguais Aos que sempre vão pensando alto? Eis a sina dos que bebem água turva pela manha, O quanto basta para que vossa voz se confunda Com a razão que tendes, mas que sempre vos tiram.
Conflitos e dores numa palavra tão simples Que vos levara ao progresso, Mesmo que este progresso esteja tão distante E ninguém entre vós há que vos desperte.
Caminhais sobre o fio da espada E aqueles que se dizem entender sobre vós Nada sabem e nada fazem.
Panfletos que se perdem na virada do tempo A mistura de seres sempre desesperados Quando os vossos lamentos e cânticos se abafam E todo mundo se encontra as escuras.
Gritais e não há entre vós um só que vos escute, Bolívia não esta mais entre vós outros, Ché foi morto por todos aqueles que se diziam Protetores.
Existência e identidade de um povo América do sul de todos os adormecidos, Quando sobre o fio da cruel espada ensangüentada Que lentamente a todos vos mata? E ressume cada instante quando por entre as trevas Nada mais se avista do que as próprias trevas.
Murmúrios, sobre telhados quebrados? Em pleno amanhecer tão estranho e sempre tão doloroso.
Deus meu, deus meu? Será que entre nós Existe alguém capaz de fazer frente a esta tão estranha Manha sempre tão densa e sempre serrada?
Escrito quando viajei pelo Paraguai ? Asunción