JARDINEIRO
Um homem que em tudo vê flores Vive num alqueire de jardim Limitado mundo de suas cercas Sem saídas. Há uma entrada que dá para casa Que ele ignora, fácil o cheiro das Paroaras. Ágeis espinhos que por ele choram. Já se acostumaram, jardineiros Já são amigos pela vida inteira. Amigos não se larga ao léu Quando a casa que ocupa, sua mágica Fica logo ali, encostando pela porta Pra dormir quietinho, E pensar sozinho, Rimas comuns de cantigas velhas Que sempre o acompanham, Quando se esquece das rosas Do mutirão de sauadades Povoado de sonhos, de insinuações De que tudo corre para os seus braços. Abarrotando de cores e bálsamos. O homem rente ao paraíso Que, numa provação, antes da terminante chegada Cultiva outras vidas, dentro de si Amoldado na areia, É outra roseira que está pra surgir.