Naeno Rocha: NAQUELE ONTEM Um dia Dos dias da minha…

NAQUELE ONTEM

Um dia Dos dias da minha infância Eu desmontei a fechadura do quarto de meus pais. Naquela noite, já de noite, Eles dormiram de costas um para o outro Naquela noite não houve a luta Não teve coberto nem cobertor Ninguém fatigou-se Porque a fechadura desmontada Estava comigo, na minha rede. Uma noite, Nessa noite eu não dormi Contando, por minhas mãos no escuro Pelo contato dentro de minha rede O quanto eu encontrei Da máquina daquela fechadura desmontada E contava: Um revólver Uma mola propulsora Que esparzia longe a pinguela O pino que ficava no meio Uma carrapeta que dançava Uma chave que passava solta No buraco dela entrar De qualquer distância, para o alvo. Eu me armei até os dentes! E planejava a guerra já para a manhã, mais cedo Contra os calangos, os preás, os galos do terreiro A pessoa do meu amigo, Os pássaros que me avocavam do alto Das frondes cheias.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *