SONHO
Não, nem dormindo, quando abro as pernas Sinto a liberdade que cubram meus dias De amar a quem colherá os meus prantos … A dedicada que prefere a mim à vida. Nem sonhando tenho as carícias do sol. E o sonho é tempo calculado como vida Porque neles nos aventuramos e somos Débeis, cobardes, ardilosos e clarividentes. Não, nem dormindo eu sonho mais Tudo fica tal e qual o real como um pesadelo. A ausência fortifica o sonho E o sonho debilita-se, e não há remédios Que diretamente, toque no sistema nervoso central A atacar a dor nociva canibalesca. Sonhando estamos dormindo sem cuidados E nos tornamos fáceis como a presa solta. E quando sonhamos, somos nós A presa, o predador, e nós por piedade. Nem num sonho extenso a vida é compassiva E avisa: Já que veio, tome arreio E se constrange além de nós o sono de liberdade. E se completa de medo. E abrimos os olhos.