SAUDADE
Saudade é coisa que doi, Que maltrata o coração, Atinge bem fundo o peito Que se vê na contramão, Nos faz ser tristes com a vida, E desperta em nós solidão.
Saudade é um sentimento Que não merece perdão, Quando ela vem de repente, Feito brisa ou furacão, Ela abre em nós um buraco E tira de nós qualquer chão.
Saudade é dor ardilosa E sabe tão bem ferir, Apunhá-la o peito que roga Para de dentro dele sair, Porque quando em nós se aloja Só lágrimas nos faz engolir.
Saudade é muito invasiva, É sorrateira e valente. Ela não abre espaços, Em nenhum canto da gente, Pra que nós esqueçamos, de fato, Que um dia estivemos contentes.
Saudade é nome de guerra Que joga soldado por terra. Saudade é luto sem causa, Que entristece corpo e alma. Ela transforma em pedaços Emoções que sentimos bem alto.
Saudade é a morte da vida Que um dia foi bem vivida. É a falência de um prazer Que não mais vai acontecer. É a agonia da separação De tudo que alegrava o coração.
Contudo, não sendo injusta, É preciso também refletir, Que, se a saudade machuca, É ela quem nos faz descobrir Que os corações, em loucuras, Na vida souberam sorrir.
Que estejamos todos nós Sempre muito preparados Pra vivermos bem plenos a vida Até sermos afogados No prazer e na euforia Dos sonhos realizados, Para, quando chegar o dia De partir o riso que nos invade, O nosso peito se inunde Da dor que se chama saudade.
Nara Minervino