Natália L.C.Bastos

Natália L.C.Bastos: O pianista. Lembro-me de um pianista que…

O pianista.

Lembro-me de um pianista que se deixava levar uma música triste, a mais triste do seu repertório. Era um poeta frágil e inútil com apenas um dom: poesias e tragédias. Meu sorriso se tornava mais fácil, acoplando uma falsidade e uma ausência de vida sobre a minha face. Lembro-me que antes de morrer o inútil poeta gravou a imagem em seu rosto, a única alegria que presenciei. Em seu rosto morria o seu único sorriso e que deveria morrer com ele. Luzes se apagam, e todo o cenário é desmontado,foi mais o fim de uma tragédia e o pianista permanecia a tocar. Tocava agora, a única melodia de amor que permitia a movimentação dos seus dedos.

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