A minha menina do Tocantins, dos perigos da Rua Baiana, das aventuras dos pés de jambo, das vielas de paralelepípedo, das pracinhas com nome de mortos. A minha menina da sapatilha velha, do cabelo amarrado de coque, da cerveja gelada na esquina, do bolo de fubá com côco, da pêta com erva doce.
Uma cadeira de plástico, um copo americano boêmio, um pagodinho de fundo, um reggae, um samba, um pop… sem preconceito! Alegre como entrude, chuva artificial de carnaval. Ela é de amigos à tircolo e de amores à queima roupa. Ela diz que não tem mais sotaque, mas é enraizada nos dizeres do Norte.
Ela é desencanada. Trajada no mesmo vestido branco, um brinquinho leve e discreto, o mesmo colar de capim dourado enfeitando onde mora o coração. Um coração todo remendado, tipo colcha de retalho que a gente só encontra em casa de avó, que apesar dos remendos é linda! Perfeita combinação de cores. Simplicidade da minha menina que como colcha e coxas me faz dispensar os lençóis.
Acontece que sem perguntar se podia, eu acabei me encantando com toda essa miscigenação de Dianópolis, Brasília, Bahia… Se apaixonar assim totalmente sem critérios é coisa de gente louca da cabeça ? eu sei ? mas que, graças a Deus, está em plena harmonia com o coração. Que eu seja sempre um desajustado, desde de que eu nunca perca a maleabilidade de me apaixonar por alguém assim tão poética.
A gente é uma sintetização de afeto, carinho e canção. Pagos todos os ?direitos emocionais? de cada refrão. Declarar-me cantando em versos – que não escrevi – é a parcela mais linda do amor. Música ainda é a minha alternativa mais usada, já que eu não sei escrever tão bem como ela escreve.
Minha menina do Norte, reserva um pouco desse sorriso pra mim? Me põe nas suas lembranças boas com o mesmo amor em que vc relembra a sua infância? Me coloca numa dessas histórias, me leva lá pra conhecer essa tal “Praça dos nove”. Deve ser um povo bonito, se não tanto quanto ela, que seja ao menos de espírito. Eu amo amar essa moça que tanto ama as suas origens. Desde a casa de taipa mais simples ao seu atual abrigo: aqui no limite dos meus braços.