CORAÇÃO EM PASSAS (soneto)
Ah! quem há de poetar, saudade penosa e tirana O que na emoção cala, e o versar não escreve? – Range, doí, pregada na lembrança, e, em greve Sente, em amargos no peito, o que era soberana
O coração em passas, e é um redemoinho fulana Em explosão, fria e grossa, e ao enamorado deve E ao olhar desalentado asfixia o pensamento leve Que, paz e harmonia, saem em ignota caravana…
Quem o verso alcançara pra a rima desta solidão? Ai! quem há de amenizar, assim torna-la tão breve… Se infinito é o silencio; E o vazio então agiganta?
E os lábios secam. E o olhar chora. Tudo em vão? E a sensação se refugia num sepulcro de neve? E então as trovas de amor esvaem na garganta?
© Luciano Spagnol poeta do cerrado
Cerrado goiano Um dia depois. Olavobilaquiando