O tempo a velhice nos condena Com sentença de ruga e cicatriz Sem ter advogado que defenda Nem aceita habeas corpos de juiz O cansaço ao corpo fragiliza Pra doença a saúde perde a briga No lugar da alegria vem saudade O sorriso no rosto se desbota E se escuta o batido de uma porta Da partida cruel da mocidade
As lembranças são 5 mil ogivas Vez por outra no peito uma explode Sua força dos olhos quebra as vigas Nas trincheiras do rosto a lágrima corre Sem trégua nem atender apelo A frieza do tempo traz um gelo Pouco a pouco o vigor fica dormente E do ego a visão se torna cega A tristeza tão pesada nos enverga Impiedosa , implacável e inclemente
A saudade executa uma chacina Dos projetos e desejos tão queridos Pistoleira , cangaceira e assassina Torturante de sonho adormecido E depois da chacina vai-se às pressas E a velhice cumprindo suas promessas Envenena a esperança do futuro No acerto de contas da idade Toda dívida que vem da mocidade O presente agiota cobra juros
PR JARDEL CAVALCANTE