PR JARDEL CAVALCANTE: São memórias que habitam o peito meu…

São memórias que habitam o peito meu No cenário poético do Sertão.

Vira lata no quintal sem coleira Vigiando um burrego desnutrido Um boi velho cantando seus mugidos Carcarás nos farpados da porteira Uma lebre fugindo nas carreiras Um tum tum de batidas no pilão Se mistura ao estampido de um trovão Passar vela nas mãos de quem morreu São memórias que habitam o peito meu No cenário poético do Sertão.

Pés cansados calçando uma alparcata Em fragelos os punhos de uma rede Lagartixas desfilam nas paredes No coreto matuta enfeitada. Com perfume Almíscar perfumada Um casal namorando no portão Um vaqueiro , uma espora e um gibão Procurando uma rês que se perdeu São memórias que habitam o peito meu No cenário poético do Sertão.

Um bruguelo chorando desgosto E um velho tocando realejo Faz comércio de doce quebra queixo sacudir o pirrai que tomou o choro Procissão de boiada dando estouro Benzedeira vendendo oração Lapeadas de folha de peão Ver visagem de alguém que já morreu São memórias que habitam o peito meu No cenário poético do Sertão.

Pr Jardel Cavalcante

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