Telha de vidro
Quando a moça da cidade chegou veio morar na fazenda, na casa velha… Tão velha! Quem fez aquela casa foi o bisavô… Deram-lhe para dormir a camarinha, uma alcova sem luzes, tão escura! mergulhada na tristura de sua treva e de sua única portinha…
A moça não disse nada, mas mandou buscar na cidade uma telha de vidro… Queria que ficasse iluminada sua camarinha sem claridade…
Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda, tão claro que, ao meio dia, aparece uma renda de arabesco de sol nos ladrilhos vermelhos, que – coitados – tão velhos só hoje é que conhecem a luz doa dia… A luz branca e fria também se mete às vezes pelo clarão da telha milagrosa… Ou alguma estrela audaciosa careteia no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia! – Você me disse um dia que sua vida era toda escuridão cinzenta, fria, sem um luar, sem um clarão… Por que você na experimenta? A moça foi tão vem sucedida… Ponha uma telha de vidro em sua vida!