Não há luz. Há ausência. Sombreando meus desejos, tentando ensinar meu coração a aceitar que não há mais você. Há uma pausa, um hiato; uma possível falta, a suposta ausência, talvez uma certa ofensa condensada no silêncio que tanto se faz perceber. Atos falhos, omitidos, sem sentido. Obrigo-me a pensar. Ponderar o sujeito oculto em orações. As preces sussurradas para que eu volte a sentir você. E de tanto pedir… você se foi. Uma ausência hostil e ostensiva, que cria rumores e mal humores dentro de mim. Revolto-me, inquieto fico. Amanhece. Já não se pode ver as estrelas de teus olhos. Busco em meio aos escombros e pedaços interiores alguma explicação. Vasculho os retalhos do meu coração e não encontro nenhuma resposta. Não há luz. Há somente a poeira imóvel de algo adormecido e estagnado. Busco atento palavra tua, um verbo velado, um brilho longínquo, mesmo que opaco. Em vão, pois não há você. Converso com o silêncio e faço dele meu amigo. Travo discursos ferrenhos com a quietude. Então, sozinho, tento embalar-me entre meus próprios braços. E, enfim, descubro que não há resposta quando o silencio insiste em responder.