Permitir indagar-se sobre o ato, o fato e a ocasião. Desapropriar-se da própria história. Apagar-se, anular-se! Permitir entender o próprio flagelo, e tentar curar as próprias feridas abertas à tanto. Tremi, porque senti-me descoberto e desnudo por sua percepção. Percebi-me sem as máscaras ou adereços que costumo carregar. Tirados um a um por sutil brisa que passou. Respiro fundo e ouso. Então, sou pego em flagrante, pego por detalhes e sutilezas. Construindo algo plausível de algo que habita apenas o imaginário. Um diálogo tanto desconexo, fora do contexto. Pois os fantasmas são figuras dificeis de conversar. Às vezes, meus botões resolvem criar vida, e tal como um jogo, indagam-me coisas de si. São apenas lampejos do passado, flashes que fiz questão de esquecer. Um bloqueio, uma escusa talvez por medo de sofrer. E então, vejo-me deitado sobre nobre e macio colo. Alvo berço cheio de candura. Permito-me ser envolvido por tenro abraço. Deixo esquecido as terriveis lembranças que me assolavam. Permito-me ser embalado pelos conselho e sentir-me seguro como outrora fui. E se, por ventura, o que jaz nesse pobre coração não se pode resolver, permito-me despedir-me de tal ação. Entender que aceitar e respeitar é ato de coragem e de maturidade. Pois o fugir do embate, nesses termos, não é covardia. Uma vez que não tenho em minhas mãos todas as peças dessa ação, resguardo-me. Ponho-me em marcha de retirada. Então, com singelas e simples palavras, eis-me aqui. Deixo-me e partilho-me. E recolho os retalhos que sobraram de mim.