Legenda dos Dias
(Raul de Leoni – Rio de Janeiro – 1895-1926)
O Homem desperta e sai cada alvorada Para o acaso das cousas… e à saída, Leva uma crença vaga, indefinida, De achar o ideal nalguma encruzilhada…
As horas morrem sobre as horas… Nada! E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida, Volta pensando: “Se o Ideal da Vida Não veio hoje, virá na outra jornada ?…
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim, Mais ele avança, mais distante é o fim, Mais se afasta o horizonte pela esfera…
E a Vida passa… efêmera e vazia; Um adiamento eterno que se espera, Numa eterna esperança que se adia…