JULIANA
Os olhos vêem mais que um homem subindo a ladeira Ao relatar o acontecido, dos olhos: água, sal e dor Onze anos; quase doze, mas é para o espírito que se esgueira À tona vem, ao ver o homem, todo o seu esplendor
Talvez cansado, mas o homem vai trabalhar Mas ela vê, lê, crê e superlativa o que pesa O que pesa nos ombros, no lombo, no caminhar E ela relata, entorna o que na página da sua alma reza.
Ele chora o que ela chora o que dela aflora E ele sorri triste ou feliz; ele sorri Mas nele dói o olhar que ela tem dele Do sofrimento, do tormento e fala do que há de vir
A ladeira, o peso dos livros e a leveza das palavras Nada existiria sem aquela face rubra que retrata a alma alva E tudo vale apena diante daqueles olhos que não deveriam chorar Mas é subindo a ladeira que o homem busca o que salva
É trabalhando que o homem quer fazer Juliana sorrir É caminhando que o homem quer fazer Juliana caminhar É na subida que o homem mostrará pra ela o luzir Mas que ela seja feliz ali, aqui ou onde quiser estar.