SURREAL
As chaves que antes perdia com frequência, Agora encontro no início da semana, Mas quando é o fim, tiram sarro de mim.
Agora sei que é impossível cruzar o rio, Pois o gelo derreteu e esta faltando chão, Sei que a água é turva e impede sua visão.
Ainda que caiam tempestades com raio e trovão Sigo meu curso na sua direção, Sem parada errada, sem interrupção.
Não sei se avistarei terra Ou se descobrirei as índias, Mas posso imaginar o que me espera. Então só agora percebo, Que estampado na lua seu rosto eu vejo. É o que me guia todos os dias.
Uma brisa leve toma conta de mim, Sinto o perfume da senhora que amo, E é tão bom quando o ar esta assim,
É caminhar num céu de nuvens de algodão, É beijo sonhado e beijado na solidão, Súbita aparição do meu anjo.
Suas mensagens não li ainda, Mas imagino como redigiu cada uma. Deitada de bruços na cama, tão linda;
Com um dos braços apoiando a cabeça Que pensativa compõe as linhas com palavras saudosas E de carinho pedindo para que não esqueça
As noites estreladas e risonhas, Os abraços fortes nas chegadas E as conversas duradouras e as promessas.
Um bocejo e uma pausa para saciar a sede, Devagar uma gotícula passeia pelo colo que é meu E arrepia o corpo pálido, sedoso e inocente.
Um vento brando e rápido entra pela janela, Acaricia seus cabelos soltos com ardor, São meus pensamentos desejando o que é seu.
Daqui posso ver seus olhos se fechando em lembranças Como no sonho de uma criança E no prazer de um grande amor.