PEGADAS DE CARMIM
Que comiseração e aflição me atormentam Daqueles que só andam calçados Que não arriscam seu pé nu ao chão Que desaprenderam a sentir E andam apenas bardados
Prefiro sentir a grama fresca sob os pés A terra úmida os envolvendo O seco asfalto em brasa E as agulhadas das pedras pontiagudas Mesmo que venha a dor Pois ela faz lembrar que sinto o mundo E que não sou apenas um transeunte anestesiado
Não me importo em os pés cortar Não me importo em me ferir Não me importo em sangrar Só me importaria em nada sentir Só me importaria em perder os simples prazeres Para escapar às inevitáveis máculas da estrada
Por isso ando? Descalço e despreocupado Deixando minhas pegadas de cor escarlate Que ficam no passado