Robinho jota o aprendiz de poeta: Cordel: a seca… um Apocalipse no…

Cordel: a seca… um Apocalipse no sertão

O agricultor sofre demais Com a seca no sertão Essa dura realidade É de partir o coração

A seca ta acabando tudo E todo ano é assim Sai esturricando o verde Parecendo não ter fim

É grande a minha tristeza Quando eu olho pro sertão Vendo a chuva tão distante E o sol rachando o chão

Aí eu me ajoelho e rezo Pra Jesus nos ajudar E lhe peço humildemente Que mande chuva para cá

Pois o meu gado está morrendo E eu não sei o que fazer Minhas cabras e bacourinhos Eu vendi pra não morrer

Na varanda lá de casa Ainda me lembro com tristeza Do roçado e os pés de frutas Destruídos pela seca

Antigamente a gente tinha Os nossos porcos no chiqueiro Na lavoura era fartura Tinhamos até um galinheiro

Das nossas vacas vinham o leite Pra fazer queijo e coalhada Manteiga da terra e escaldado Além do doce e a nata

No nosso plantio tinha batata Melancia e melão Macaxeira e milho verde Jerimum e o feijão

Lá na horta tinha tomate Batatinha e cenoura coentro e berinjela Pimentão, alho e cebola

Nas noites de lua cheia A gente sempre ia caçar Voltávamos com uma fartura De peba, mocó e préa

A gente criava Guiné Patos, jumentos e uns touros Ovelhas, cabritos de raça Uns 4 cachorros e 1 poldo

E nas noites de São João Comíamos milho e beju Tapioca molhada no coco Canjica, pamonha e angú

Essas lembranças do passado Eu recordo com emoção Da felicidade que um dia Eu vivi no meu sertão

Esse sertão já foi motivo De muita felicidade Hoje tudo se acabou-se Só restou mesmo a saudade

Ainda recordo com alegria os bons tempos de abundância A chuva caindo no chão Nos enchendo de esperança

Só que aqui no meu sertão Onde tudo era fartura Não se ver mas mata verde É só tristeza e amargura

Morreram todos os pés de frutas Os de manga, os de caju De acerola e às bananeiras As laranjeiras e os de embu

A seca é tão devastadora Que os peixes morreram tudo Tucunaré e a tilapia Não escapou nem o cascudo

Essa seca é muito árdua Que eu nunca vi ser tão cruel Às abelhas foram embora E acabou com nosso mel

Às plantações se acabaram Com a seca repentina No sertão não sobrou nada Nem mesmo o galo de campina

Os pardais foram embora Em busca de sobrevivência Arribaçãm pegou o beco E o urubu pediu clemência

Não existe mas açudes Nem barreiros e nem cacimbas A falta de chuva é grande Que o verde virou caatinga

O plantio de algodão Ficaram secos e não tem mais Nenhum pezinho de palmatória Para dar aos animais

Essa seca tão cruel Está tirando a alegria E os sonhos do sertanejo Que trabalha noite e dia

Toda manhã quando eu acordo Eu não sei como dizer a minha esposa e a meus filhos Que não tem mas o que comer

Viver dessa maneira Me corta o coração Essa seca desgraçada Tá acabando com o sertão

Eu imploro ao meu jesus Um homem santo e salvador Que ajude o sertão Que a seca esturricou

Pois o sertão está sem água Sem trabalho e sem comer O sertanejo ta abandonado E a tendência é morrer

Mas o sertanejo é teimoso E tem muita fé no coração Ele morre de fome e sede Mas não abandona o sertão

Mas logo logo, a chuva chega E eu sei que ela vai Acabar com o sofrimento Do sertanejo e dos animais

E quando a chuva aqui chegar Eu vou ter que conseguir Começar tudo de novo E o meu sertão reconstruir.

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