Rodrigo L. Gomes: Eu era o vazio… Uma velha casa…

Eu era o vazio…

Uma velha casa abandonada. Há muito tempo não habitada. Vandalizada e menosprezada.

Tu era uma moradora das ruas. Encarava o calor do sol nos dias e o frio massivo da lua.

E ali estávamos nós… Frente a frente pela primeira vez. Tu com fome e frio, e eu debruçada sob a terra úmida imaginando o calor do teu corpo. Tua fadiga da procura por paz estava evidente já que estavas ali perdida e sozinha no mundo.

Esperando nas pessoas bondade e alguém que entendesse o seu desespero.

Seus olhos me cativaram, seu sorriso me conquistou. Tudo em você era como a paz de um novo dia. Pois você era resplandecente, assim como o brilho do sol.

Mas o mundo, sempre cruel não te deu ouvidos. E você passou a viver no frio das ruas, sob o sussurros da noite. O alvorecer era a morada da sua angustia, e nada a fazia sorrir, pois a alegria se dissipou do seu interior.

Então…Você viu a mim. Uma velha casa vazia, que outrora já foi atrativa, com sorrisos sinceros, olás e bom dias.

E em mim você finalmente encontrou abrigo, e com o passar do tempo, com poucos gestos me trouxe de volta a vida. Você me limpou cuidadosamente, cuidou das minha rachaduras.

E reviveu o meu jardim… Enfim.

Desde então habitas em mim, e o meu vazio se preencheu com a tua doce presença.

Já não sou mas uma antiga casa vazia.

Hoje sou parte importante do teu aconchego.

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