Eu era o vazio…
Uma velha casa abandonada. Há muito tempo não habitada. Vandalizada e menosprezada.
Tu era uma moradora das ruas. Encarava o calor do sol nos dias e o frio massivo da lua.
E ali estávamos nós… Frente a frente pela primeira vez. Tu com fome e frio, e eu debruçada sob a terra úmida imaginando o calor do teu corpo. Tua fadiga da procura por paz estava evidente já que estavas ali perdida e sozinha no mundo.
Esperando nas pessoas bondade e alguém que entendesse o seu desespero.
Seus olhos me cativaram, seu sorriso me conquistou. Tudo em você era como a paz de um novo dia. Pois você era resplandecente, assim como o brilho do sol.
Mas o mundo, sempre cruel não te deu ouvidos. E você passou a viver no frio das ruas, sob o sussurros da noite. O alvorecer era a morada da sua angustia, e nada a fazia sorrir, pois a alegria se dissipou do seu interior.
Então…Você viu a mim. Uma velha casa vazia, que outrora já foi atrativa, com sorrisos sinceros, olás e bom dias.
E em mim você finalmente encontrou abrigo, e com o passar do tempo, com poucos gestos me trouxe de volta a vida. Você me limpou cuidadosamente, cuidou das minha rachaduras.
E reviveu o meu jardim… Enfim.
Desde então habitas em mim, e o meu vazio se preencheu com a tua doce presença.
Já não sou mas uma antiga casa vazia.
Hoje sou parte importante do teu aconchego.