Rui Pires Cabral: Vejo-te um pouco como se já não…

Vejo-te um pouco como se já não houvesse uma casa para nós. As grandes perguntas estão aí por todo o lado, onde quer que se respire, dentro dos próprios frutos. É o começo da noite e os cinzeiros já estão cheios de meias palavras: porque escolhemos tão pouco aquilo que nos pertence?

Vejo-te de olhos fechados enquanto me confiavas a tua história ? à mesa da cozinha, quase um espelho, quase uma razão. As minhas canções preferidas pareciam convergir para ti a certa altura, dir-se-ia que te vestias com elas. E no entanto como se apressaram as grandes florestas a invadir as gavetas, como misturaram as raízes no eco que fazia o teu desejo contra mim.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *