Diario de Sara
Em dias de chuva eu fico triste sabe, Levi é a cor que eu não consigo ver do lado de cá da cerca. As minhas lágrimas as vezes se misturam as gotas da chuva, Não se vêem borboletas amarelas Nem cor de uva. A grama alta às vezes como tapete felpudo que eu vou mesmo descalça sem medo de cortar os pés, estão encharcadas. Eu tenho medo dele me achar Uma menina boba. Eu nem sou como Arethusa toda, toda. Ah bobagem ele não pode ver. Que cheiro deve ter meus cabelos pra Levi? Amêndoas e baunilha o deixaram suspirando. cheiro de leite E leite combina com o quê? Eu me pego pensando sem querer Eu até que quero pensar, Se ao invés de cheiro ele pudesse provar o gosto? Talvez as amêndoas de Arethusa ficassem no bolso. Levi parece um menino saidinho Qualquer dia desses sem querer Querendo dou um beijo nele com gosto de jaca. Será que depois disso poderei vê-lo sorrindo? Eu tenho medo. Às vezes tenho medo da cerca. Corremos risco do arame nos cortar E se a gente sangrar? É coisa de gente grande ter medo Aposto. Eu dormiria grudadinha ao pé da cerca Se Levi estivesse lá. Eu confio nele Mas eu penso um tantão de coisas Que me dão medo. Que ele não leia nunca meu diário Amém. Ah que Arethusa vire uma bruxa descabelada, Com cheiro de alecrim com pimenta do reino.
Sara Cindy