Há Dias
Há dias em que tudo que eu posso é me recolher. Ocupar o mais solitário cômodo da casa, onde ninguém vai, onde a luz natural não alcança, onde quase nada chega. Só as menores coisas (ainda que, algumas, tomem tudo): fragmentos de grandes lembranças; um inseto ou outro; a esperança; o silêncio; a saudade. E nesses dias toma-se banho mais depressa; Come-se mais rapidamente; Dorme-se maiscedo. Mesmo nos dias mais quentes, tem-se frio (um frio interno),um tremor, uma angústia. Pensamento desordenados, acelerados, destrutivos. Nesses dias eu sou, apenas, uma lágrima de dor genuína que escorre pelo rosto e só o escuro do quarto e a solidão da alma a reconhecem. A luz volta, eu sei. A vida e os sonhos continuam. Mas, por hoje, é isso.
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