Já tive alcunha de Canela Esse epiteto poético me fazia roer as unhas Tamanha era minha insatisfação Mentira, ligava não era só um modo de ligação O apelido mais humano, dado pelo falecido mano… Não por minha cor castanha avelã Mas pelas canelas finas de menina Que pareciam canelinhas de rã… Hoje não mais… O tempo passou e me revelou Remodelou minhas pernas e coxas Já faz tanto tempo isso, poxa… Têm lembranças que são eternas Sempre que vejo meus membros inferiores Me lembro que são locomotores Sorrio louco motor é o pensamento disperso Me agracejo pelo avesso e me viro para o lado de dentro As almas mudam suas instâncias e estatutos Reverso o tempo ás vezes é justo Nos concede indulto de boas lembranças