Cheiro de saudade
Quando seu calor me aqueceu por dentro Entrei em ebulição Logo eu, água estática em qualquer situação Você veio para se tornar meu epicentro
E eu, recém formado furacão Trazia no peito as marcas tênues do passado Em meu olhar de cigana, dissimulado Foi você quem conseguiu apaziguar a situação
Após o mais recente adeus Caminhei pelas passarelas da avenida A chama viva do passado tornava-me destemida Achei que não podia piorar, Nada pior que estar longe dos braços teus
Mas podia, Teu cheiro tão característico Em alguém embebido Dentro de um daqueles carros. Podia piorar, agora sabia. E eu assumia o risco Em meio ao caos crescente das perdas, me vinha o teu sorriso
A tua luz vibrante Teu toque oscilante E a firme certeza da aceitação.
Por mais ébria que estivesse Não poderia esquecer Não poderia também, tirar-te de tua paz rotineira Trazer-te de volta pra mim
Porque ainda que quisesse Em certas desvairadas ilusões não se há o que fazer Poemas, posso escrever-te cem Mas nenhum vai chegar a ti da forma certeira que teu corpo se encaixou no meu Ali, no começo do fim
Eu sobrevivi ao tráfego Sobrevivi à tua ausência E talvez essa transparência seja o que me mantém viva e nutrida Pois por mais que não haja saída, Uma hora encontro teu aconchego E em teus braços, a fórmula da vida
Para cada estrela do céu que se esconde e some A cada vez que estou junto a ti Escrevo um poema com teu nome E dedico somente a você mais esta lírica poética Tão patética como meus devaneios de separação Te confesso, desisti dessa ilusão Me rendi
Algum dia te faço entender que Rima nenhuma jamais vai te desgrenhar, porque do teu lado Tudo mais é fútil e deselegante, Humanamente errante, Um sopro utópico de poder, Remanescentes faíscas do fogo que se apagou InFelizes como todos os versos insanos e inúteis que redigi pra você.
Thaylla Ferreira Cavalcante