Inocência perdida
“Na varanda onde me encontro, me vejo enfastiado e risonho Olhando para o chão onde as crianças brincam e se sujam Na ladeira a beira da rua movimentada pelo caos De ladrões, facções, revoltas, lâminas e oitões
Cena nada bonita para uma criança e nem mesmo para um adulto O mais incrível disso tudo é que todas as crianças enxergam as flores As aves e o seu próprio reflexo no esgoto Ou na poça de sangue
Quebram janelas com suas faltas batidas no futebol Perdem-se em meios os becos no esconde-esconde E o sentimento nostálgico faz-me contestar Onde esta toda a minha inocência de antes?
Se foi quando? Quando estava dormindo e tento mais um pesadelo? Quando estava alisando o travesseiro e imaginando seu cabelo? Quando estava mordendo a toalha e imaginando o pescoço de alguém
Quando? Será que se foi quando eu traguei você e a matei dentro de meus pulmões para que eu possa Respirar o seu ar, e inalar o seu doce veneno?
Pode ser que ela tenha saído Na noite em que me disse não e virei um caminhão de uma bebida Inflamável
Bem, não sei quando foi Sei que como você eu a quero de volta De volta Volta?
Volta, porque não aguento mais a desesperança Da dor da lembrança, da inocência e manhas Que tinha quando era criança Quero voltar a ser como antes e ver meu reflexo na poça de sangue! “