sepulcro
Nos rastros da maioria dos meus anos maduros tu foste minha musa/ Nos anos imaturos era uma deusa Uma divindade em meu zelo Meu céu, meu inferno Minha melhor amiga Eu dormia com os pés fadigados como teu servo Mas te tocava como uma pluma oriunda dos alísios Teu sorriso renovava meu dia Minha fonte de perversão, ódio e agonia O platônico escoava as causas fúteis que me fez pensar estar louco/ E as noites passavam naufragando meus sonhos pouco a pouco A não ser pela semente que germinara em seu ventre Torna-la mãe foste uma benção aos olhos de quem ama Apesar da linha tênue em que oscilava em meus braços e cama/ Nos rastros da maioria dos meus anos maduros tu foste minha musa/ E mesmo que os sons, os caminhos, as imagens te tragam sempre à tona/ O reflexo de minha memoria real foi meu sangue derramando a tua mente insana/ E por mais que escarre meu infortúnio paralelo a tua felicidade conjugal/ Nos rastros da maioria dos meus anos maduros tu foste minha musa/ Nos anos imaturos era uma deusa Se outrora vislumbrei um castelo Convivi contigo numa casa E hoje com o sangue em brasa encerro seu sepulcro.