Vinícius de Moraes: Soneto da mulher inútil De tanta graça…

Soneto da mulher inútil

De tanta graça e de leveza tanta Que quando sobre mim, como a teu jeito Eu tão de leve sinto-te no peito Que o meu próprio suspiro te levanta.

Tu, contra quem me esbato liquefeito Rocha branca! brancura que me espanta Brancos seios azuis, nívea garganta Branco pássaro fiel com que me deito.

Mulher inútil, quando nas noturnas Celebrações, náufrago em teus delírios Tenho-te toda, branca, envolta em brumas.

São teus seios tão tristes como urnas São teus braços tão finos como lírios É teu corpo tão leve como plumas.

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