Uma garota desfocada por um olhar desapercebido e inocente na vivência do momento presente, o atentar a natureza perfeita em sincronia de um aquietar reflexivo e consciente pensamento a respeito da vivencia e a experiência do amor não condicionado a nada, eis então a existência incompleta de tal moça, seus detalhes, sua vestimenta, seus cabelos, suas curvas, seus lábios e sua voz, desconhecidas, apenas pequenos fleches de características marcantes e memoráveis. Lhe tira a vida o som dos passos em direção ao desencontro, e ruídos de vozes hipócritas desenhando as palavras nos olhos de quem as dá ouvido afim de apresentar opiniões preconcebidas e preconceituosas em função daquela garota, antes desfocada, agora inexistente e deixada sozinha no mar do inconsciente inacessível.
Olhares distantes e sinceros, vem subindo num caminhar largado e confiante de um cara que, aparentemente agrada os olhos de quem sabe a beleza natural e humilde da natureza masculina humana, barba, cabelo, olhos claros e uma descida, uma silhueta com curvas leves e suaves de uma delicada moça, cabelos pretos, tais como os olhos, que balançam como resultado do caminhar descomprometido. Olhos que se encontram por um segundo apenas, não há palavras ou ruídos, há apenas olhares, que gritam de desejo um pelo outro, pela eternidade daquele momento. Então o fim lhes chega, novos ruídos e novos desencontros, antes ela, agora ele, inexistente nos sentidos, mas existente na memória de um olhar interessado de uma moça, pouco desejada em função da sua física coloração dominante, ocasionada pela triste e história de pessoas como tal, talvez desejada por aquele que agora inexiste.
O som das bolas de uma sinuca descomprometida, aquela mulata pulou sobre a piscina da inexistência e mergulhou na memória de quem um dia lhe dará vida com apenas um olhar, para então serem amantes simultâneos e desfrutarem da vivencia do tão aclamado Eros. Antes escrava, agora princesa, antes rejeitada, agora desejada, antes feia, agora mulata, antes ela, agora nós.